
Qual a melhor idade para ter filhos?
Até o século passado a mulher assim que terminava o Magistério ou Ensino Médio ingressava na Faculdade iniciando, concomitantemente, os preparativos para o casório. Quando se formava já estava casada, porém muitas abandonaram a Faculdade porque engravidaram durante o curso ficando difícil de conciliar a maternidade com os estudos. Em razão disso as mulheres optaram por postergar o casamento para depois de graduada. Como tinham a vontade de ingressar no mercado de trabalho para exercer a profissão o casar até continuou fazendo parte da agenda, porém o ter filho começou a ser programado sempre para o ano seguinte, e para o ano seguinte, e para o ano seguinte acabando por não chegar nunca. Outras que realmente se empenharam em integrar a maternidade nos planos de vida, acabaram tendo seus filhos depois dos 30 ou 35 anos.Esta realidade deu origem a uma geração de filhos de pais velhos.O censo realizado em 2000 pelo IBGE apontou que as mulheres ficavam grávidas em média aos 26 anos sendo fator determinante para o ter filhos acima dos 30 a escolaridade e a renda. Quanto maior o salário mais tarde a mulher se tornava mãe.O homem acabou acompanhando esta prática. Como as mulheres não estavam com pressa de casar eles também acabaram ficando tranquilos e acabaram por se tornar pais mais velhos.A indagação que não quer calar é quanto aos riscos de homens e mulheres se tornarem pais mais velhos. Para a mulher, hoje, já se fala em gravidez sem problemas específicos até os 35 anos. Depois, segundo Eduardo Motta obstetra do Hospital Albert Einstein, a produção de óvulos começa a decrescer diminuindo bem as possibilidades de engravidar além do que, a qualidade dos óvulos também se torna prejudicada pelo fator idade. Caso a gravidez aconteça há uma maior probabilidade de hipertensão, diabetes gestacional e até complicações no parto sendo então muito maior o número de cesarianas.Há especialistas que acreditam na possibilidade de mutações nos espermatozóides do homem mais velho originando na impossibilidade de ter filhos ou de tê-los com alguma doença.Há especialistas que acreditam em mutações dos espermatozóides que se acumulam no decorrer do tempo (revista PLoS Medicine) e/ou diminuição do número de espermatozoides do homem, podendo influenciar ativamente no resultado dificultando o engravidar ou podendo, o bebê, nascer com má formação cardíaca, renal ou portador de síndromes como a de Down.Também há estudos em que a gravidez correu normal e o filho nasceu normal, porém houve a preocupação em saber como é ser filho de pais mais velhos.A Universidade de Israel analisou cerca de 450 mil adolescentes do sexo masculino (16 e 17 anos) e constatou que filhos de pais mais velhos (com 45 anos ou mais) têm maiores dificuldades em se relacionar socialmente dando preferência para as atividades individuais.Talvez isso aconteça pelo fato dos pais com mais idade serem muito mais cuidadosos e prestativos acabando por fazer tudo pelos filhos impedindo-os de crescerem com autonomia. A superproteção gera uma total dependência da criança aos pais. Esta dependência coloca-os numa zona de conforto tamanha que acaba afetando inclusive a habilidade cognitiva apresentando índices de QI bem abaixo do normal quando comparados com crianças e adolescentes da mesma idade.Mas não há só fatores negativos na maternidade/paternidade tardias. Como tudo que é analisado, fatores positivos também podem ser relacionados como uma situação financeira privilegiada e trabalho estável. Também a relação do casal já está equilibrada sem as intempéries do início do casamento. Já são mais pacatos e não se importam em ter que ficar os finais de semana em casa cuidando do bebê. O bebê nunca é visto como responsável por impedir a realização de sonhos e desejos.Enfim, ser mãe e pai é maravilhoso em qualquer idade.O importante é estar consciente e preparada para tudo o que está por vir.
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Pais ocupados, filhos distantes...Por Içami TibaVivemos um paradoxo inesperado. Trabalhamos tanto e conseguimos avanços tecnológicos incríveis para termos melhor qualidade de vida e tempo, mas temos menos tempo para nos dedicar à família. Muitos pais ocupados sofrem na pele com seus filhos adultos, jovens, adolescentes, ou crianças o não ter compartilhado da vida deles. Várias pesquisas entre os homens de sucesso mostram a distância que existe entre o que vivem e o que gostariam de viver com os seus filhos.Entretanto, há pais que, mesmo tão ocupados nos seus negócios, seus filhos não lhes são tão distantes nem tão dependentes, como a maioria dos seus colegas e amigos são. Qual o segredo destes pais? São pais de Alta Competência. São pais dedicados também à família, não só aos seus negócios. Uma dedicação que vem de sua disposição interna e disponibilidade externa por terem colocado a educação dos filhos como prioridade.A maioria coloca os negócios como prioridade em detrimento dos filhos. Assim negligenciam a vida, pois o viver é mais importante do que o negócio. O negócio foi criado e desenvolvido pelas mentes brilhantes dos humanos para melhorar a sobrevivência e assegurar a perpetuação da espécie.Os pais de Alta Performance sabem da importância dos negócios, mas não são assimilados por eles: eles os assimilam para melhorar suas vidas e a dos outros. Quem vive para os negócios não é dono de si mesmo, mas sim escravo deles. E quando mais precisam da vida é que estes escravos dos negócios se dão conta do quanto deixaram de viver em suas famílias. Um infarto no estrangeiro, um acidente numa estrada longínqua, ou mesmo um filho envolvido com drogas ou uma gravidez precoce faz qualquer profissional rever sua vida.Bons pais têm a noção da sustentabilidade de suas vidas. Escrever um livro, plantar uma árvore, ter um filho são nada mais do que nossas vidas continuarem mesmo depois de nossas mortes.Os avanços tecnológicos trouxeram também o consumismo, o estresse, a falta de tempo... Falta de tempo? Acredito que nem tanto. Vivemos é em um mundo diferente. Temos tudo para poupar tempo. Revivemos amizades a um simples toque de teclado adentrando no mundo virtual. Encontramos tantos amigos num dia só que no passado levaríamos “séculos” para encontrá-los pessoalmente.Os pais que dizem não ter tempo para os filhos estão vivendo a contradição de querer encontrar o tempo passado como seus pais e ancestrais faziam (sentarem juntos, jogarem papo fora, brincarem com ou lerem para os seus filhos etc). Cada pai pode falar com seus filhos no momento que quiser via celular, Orkut, Skype, MSN, torpedos, Twitter etc. Estes todos são instrumentos são do tempo presente para contatar as pessoas e não o contrário.Pais de Alta Performance acompanham não só passo a passo seus negócios como também o caminhar e o desenvolver dos filhos na escola e dentro de casa. Basta um clicar e ele tem ao seu alcance as notas que não o surpreenderão no final do ano. Uma exigência e os filhos enviam mensagens pelo twitter resumindo a essência de cada aula que tiveram no dia, usando as suas próprias palavras. Para construir estas mensagens, o filho terá de transformar as informações recebidas do professor em conhecimento. Serve de resumo para as provas mensais.Seu filho está preocupado ou sofrendo? Envie-lhe um torpedo perguntando como está e exija resposta mais longa do que um “tudo bem”, para agendar um encontro, quem sabe numa lanchonete, para almoçarem juntos e compartilharem este momento que pode ser o ponto de virada entre o bom e o mal resultado...Afinal, são os filhos que vão nos sustentar na velhice, nas doenças da longevidade, além de perpetuar o nosso DNA pelo mundo afora.
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Qual a melhor idade para ter filhos?

Até o século passado a mulher assim que terminava o Magistério ou Ensino Médio ingressava na Faculdade iniciando, concomitantemente, os preparativos para o casório. Quando se formava já estava casada, porém muitas abandonaram a Faculdade porque engravidaram durante o curso ficando difícil de conciliar a maternidade com os estudos. Em razão disso as mulheres optaram por postergar o casamento para depois de graduada. Como tinham a vontade de ingressar no mercado de trabalho para exercer a profissão o casar até continuou fazendo parte da agenda, porém o ter filho começou a ser programado sempre para o ano seguinte, e para o ano seguinte, e para o ano seguinte acabando por não chegar nunca. Outras que realmente se empenharam em integrar a maternidade nos planos de vida, acabaram tendo seus filhos depois dos 30 ou 35 anos.
Esta realidade deu origem a uma geração de filhos de pais velhos.
O censo realizado em 2000 pelo IBGE apontou que as mulheres ficavam grávidas em média aos 26 anos sendo fator determinante para o ter filhos acima dos 30 a escolaridade e a renda. Quanto maior o salário mais tarde a mulher se tornava mãe.
O homem acabou acompanhando esta prática. Como as mulheres não estavam com pressa de casar eles também acabaram ficando tranquilos e acabaram por se tornar pais mais velhos.
A indagação que não quer calar é quanto aos riscos de homens e mulheres se tornarem pais mais velhos. Para a mulher, hoje, já se fala em gravidez sem problemas específicos até os 35 anos. Depois, segundo Eduardo Motta obstetra do Hospital Albert Einstein, a produção de óvulos começa a decrescer diminuindo bem as possibilidades de engravidar além do que, a qualidade dos óvulos também se torna prejudicada pelo fator idade. Caso a gravidez aconteça há uma maior probabilidade de hipertensão, diabetes gestacional e até complicações no parto sendo então muito maior o número de cesarianas.
Há especialistas que acreditam na possibilidade de mutações nos espermatozóides do homem mais velho originando na impossibilidade de ter filhos ou de tê-los com alguma doença.
Há especialistas que acreditam em mutações dos espermatozóides que se acumulam no decorrer do tempo (revista PLoS Medicine) e/ou diminuição do número de espermatozoides do homem, podendo influenciar ativamente no resultado dificultando o engravidar ou podendo, o bebê, nascer com má formação cardíaca, renal ou portador de síndromes como a de Down.
Também há estudos em que a gravidez correu normal e o filho nasceu normal, porém houve a preocupação em saber como é ser filho de pais mais velhos.
A Universidade de Israel analisou cerca de 450 mil adolescentes do sexo masculino (16 e 17 anos) e constatou que filhos de pais mais velhos (com 45 anos ou mais) têm maiores dificuldades em se relacionar socialmente dando preferência para as atividades individuais.
Talvez isso aconteça pelo fato dos pais com mais idade serem muito mais cuidadosos e prestativos acabando por fazer tudo pelos filhos impedindo-os de crescerem com autonomia. A superproteção gera uma total dependência da criança aos pais. Esta dependência coloca-os numa zona de conforto tamanha que acaba afetando inclusive a habilidade cognitiva apresentando índices de QI bem abaixo do normal quando comparados com crianças e adolescentes da mesma idade.
Mas não há só fatores negativos na maternidade/paternidade tardias. Como tudo que é analisado, fatores positivos também podem ser relacionados como uma situação financeira privilegiada e trabalho estável. Também a relação do casal já está equilibrada sem as intempéries do início do casamento. Já são mais pacatos e não se importam em ter que ficar os finais de semana em casa cuidando do bebê. O bebê nunca é visto como responsável por impedir a realização de sonhos e desejos.
Enfim, ser mãe e pai é maravilhoso em qualquer idade.
O importante é estar consciente e preparada para tudo o que está por vir. ============================================================
Pais ocupados, filhos distantes...
TEXTO LINDO PARA AS QUE NUNCA PENSARAM EM TER FILHOS, QUANTO PARA AS QUE JÁ TEM E PARA AS QUE ESTÃO PENSANDO EM TER...
Nós estamos sentadas almoçando quando minha filha casualmente menciona que ela e seu marido estão pensando em 'começar uma família'.
'Nós estamos fazendo uma pesquisa', ela diz, meio de brincadeira. 'Você acha que eu deveria ter um bebê?'
'Vai mudar a sua vida', eu digo, cuidadosamente, mantendo meu tom neutro.
'Nós estamos fazendo uma pesquisa', ela diz, meio de brincadeira. 'Você acha que eu deveria ter um bebê?'
'Vai mudar a sua vida', eu digo, cuidadosamente, mantendo meu tom neutro.
'Eu sei,' ela diz, 'nada de dormir até tarde nos finais de semana, nada de férias espontâneas.. .'
Mas não foi nada disso que eu quis dizer. Eu olho para a minha filha, tentando decidir o que dizer a ela. Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender no curso de casais grávidos. Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, mas que se tornar mãe deixará uma ferida emocional tão exposta que ela estará para sempre vulnerável.
Eu penso em alertá-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar 'E se tivesse sido o MEU filho?' Que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar. Que quando ela vir fotos de crianças morrendo de fome, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer.
Olho para suas unhas com a manicura impecável, seu terno estiloso e penso que não importa quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzi-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote. Que um grito urgente de 'Mãe!' fará com que ela derrube um suflê na sua melhor roupa sem hesitar nem por um instante. Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos ela investiu em sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode conseguir uma escolinha, mas um belo dia ela entrará numa importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê.
Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem.
Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina. Que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino ao invés do feminino no McDonald's se tornará um enorme dilema. Que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.
Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina. Que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino ao invés do feminino no McDonald's se tornará um enorme dilema. Que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.
Não importa quão assertiva ela seja no escritório, ela se questionará constantemente como mãe.
Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que ela jamais se sentirá a mesma sobre si mesma. Que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho. Que ela a daria num segundo para salvar sua cria, mas que ela também começará a desejar por mais anos de vida -- não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seus filhos realizarem os deles.
Eu quero que ela saiba que a cicatriz de uma cesárea ou estrias se tornarão medalhas de honra.
O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho.
Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje ela acharia nada românticas.
Eu gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que ela sentirá com as mulheres que através da história tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados. Eu espero que ela possa entender porque eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que eu me torno temporariamente insana quando eu discuto a ameaça da guerra nuclear para o futuro de meus filhos.
Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta.
Eu quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Eu quero que ela prove a alegria que é tão real que chega a doer. O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.
'Você jamais se arrependerá', digo finalmente.
'Você jamais se arrependerá', digo finalmente.
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Não basta cuidar dos filhos, é preciso saber educa-los...
Içami Tiba - psiquiatra
Quando o assunto é o relacionamento entre pais e filhos, um rosário de problemas se descortina. Prova dessa dificuldade é que, cada vez mais, mães e pais procuram os consultórios de terapeutas para tentar entender onde estão errando ou erraram. Esses mesmos consultórios também são procurados por filhos que, um pouco mais crescidos, buscam resolver seus problemas de inadequação à sociedade. Essa realidade faz constatar que somente "cuidar" dos filhos não é suficiente.
É preciso saber educá-los. A todo momento, convivemos com crianças e adolescentes muito bem criados: fortes, saudáveis, bonitos, mas não educados.
Para ajudar as famílias a refletirem sobre essa delicada questão, o médico e psiquiatra Içami Tiba publicou, no final de 2002, o livro "Quem ama, educa"(Editora Gente), que desde o lançamento vem figurando como recordista de vendas em todo o país. A partir da experiência profissional de mais de 71 mil atendimentos psicoterápicos, durante 34 anos de clínica particular, o autor ensina aos pais como possibilitar, desde o nascimento dos filhos, que estes sejam pessoas responsáveis por sua felicidade e conscientes de sua responsabilidade social. Leia, a seguir, a entrevista que ele concedeu ao JORNAL DE OPINIÃO:
Como foi que chegamos a essa geração de filhos tiranos, que tem sido tema de tantas reflexões?
A geração dos nossos avós foi a geração dos autoritários, ou a geração do poder. Os pais dessa geração educavam de uma forma tal que bastava eles lançarem um olhar sobre os filhos que estes os obedeciam imediatamente. Quem não obedecia, apanhava. Mas essa geração do poder acabou criando uma geração que trabalhou muito, que comeu muita asa e pescoço e que foi subjugada pelos pais.
Insatisfeita, essa geração de sufocados quis agir de forma diferente com seus filhos.Eles deram para os filhos tudo o que não tiveram, deram coxa e peito, em vez de asa e pescoço. Mas depois foram meio tiranizados por esses filhos. Foi uma geração sufocada, tanto de cima para baixo, pelos pais, quanto de baixo para cima, pelos filhos. Esses filhos cresceram e formaram uma nova geração, a dos folgados, que ficou sem referências educativas. Foi uma geração que cresceu fazendo tudo o que tinha vontade de fazer, sem ter que respeitar nada e sendo provida em tudo o que queria. De certa maneira, esses filhos se tornaram pessoas muito mais instintivas do que sociais.
Dessa geração de folgados, nasceram os tiranos. A maioria das crianças hoje são tiranas, porque não aprenderam a respeitar os seus pais. Mas isso porque eles próprios são souberam impor limites, deixando os filhos fazerem tudo o que tinham vontade. Esses pais, na verdade, sentem-se tão culpados por uma série de coisas, principalmente por não terem tempo para a relação com os filhos, que têm dificuldade de falar "não". Eles se esquecem que as crianças precisam desse limite para ter o contorno da personalidade definido.
Como trabalhar a questão do limite na relação pais e filhos?
Limite é coerência, constância, conseqüência. Os pais precisam se educar para serem educadores. Só o fato de serem pais não dá a eles a condição de educar bem os filhos, porque, na realidade, o filho precisa receber uma direção e, se os pais não têm constância, se não sabem o que fazer com os filhos, eles não passam nenhuma segurança. Uma das primeiras coisas que os pais precisam aprender sobre educação é que eles não têm a obrigação e nem devem ser hipersolícitos para com os filhos. Há coisas mínimas, mas muito importantes, que ajudam os filhos a respeitarem limites. Quando os pais falam não, a criança desobedece e fica tudo por isso mesmo, o filho aprende a desrespeitar o não, interpretando-o como sim.
Por que os pais têm tanta dificuldade de manter o não, transformando-o, com freqüência, em sim?
Geralmente os pais transformam o não em sim porque acabam cedendo às chantagens emocionais das crianças. Na realidade, quem quebra o limite são sempre os próprios pais. Isso faz com que o filho aprenda a não obedecer. E a criança precisa do limite para saber até onde ela pode ir. Aliás, qualquer ser humano precisa saber até onde pode ir. Quem não sabe, fica se arriscando de um jeito que é muito perigoso. Se a pessoa sabe que até determinado ponto ela pode e que depois o risco aumenta, ela cria os seus próprios contornos.
Quais são as fases mais complicadas da infância?
As crianças têm fases de mudança de comportamento. Um exemplo é a fase dos dois anos, conhecida como fase do não. Mesmo querendo uma coisa, a criança fala não nessa fase. E os pais acreditam que ele realmente não quer e deixam a coisa livre. Isso faz com que a criança, que, na verdade, queria dizer sim, perca o referencial. Há outra fase em que a criança começa a ter mais independência e quer fazer as coisas sozinha, e os pais uma hora deixam, outra hora não deixam, e ela também fica sem referencial.
É preciso saber educá-los. A todo momento, convivemos com crianças e adolescentes muito bem criados: fortes, saudáveis, bonitos, mas não educados.
Para ajudar as famílias a refletirem sobre essa delicada questão, o médico e psiquiatra Içami Tiba publicou, no final de 2002, o livro "Quem ama, educa"(Editora Gente), que desde o lançamento vem figurando como recordista de vendas em todo o país. A partir da experiência profissional de mais de 71 mil atendimentos psicoterápicos, durante 34 anos de clínica particular, o autor ensina aos pais como possibilitar, desde o nascimento dos filhos, que estes sejam pessoas responsáveis por sua felicidade e conscientes de sua responsabilidade social. Leia, a seguir, a entrevista que ele concedeu ao JORNAL DE OPINIÃO:
Como foi que chegamos a essa geração de filhos tiranos, que tem sido tema de tantas reflexões?
A geração dos nossos avós foi a geração dos autoritários, ou a geração do poder. Os pais dessa geração educavam de uma forma tal que bastava eles lançarem um olhar sobre os filhos que estes os obedeciam imediatamente. Quem não obedecia, apanhava. Mas essa geração do poder acabou criando uma geração que trabalhou muito, que comeu muita asa e pescoço e que foi subjugada pelos pais.
Insatisfeita, essa geração de sufocados quis agir de forma diferente com seus filhos.Eles deram para os filhos tudo o que não tiveram, deram coxa e peito, em vez de asa e pescoço. Mas depois foram meio tiranizados por esses filhos. Foi uma geração sufocada, tanto de cima para baixo, pelos pais, quanto de baixo para cima, pelos filhos. Esses filhos cresceram e formaram uma nova geração, a dos folgados, que ficou sem referências educativas. Foi uma geração que cresceu fazendo tudo o que tinha vontade de fazer, sem ter que respeitar nada e sendo provida em tudo o que queria. De certa maneira, esses filhos se tornaram pessoas muito mais instintivas do que sociais.
Dessa geração de folgados, nasceram os tiranos. A maioria das crianças hoje são tiranas, porque não aprenderam a respeitar os seus pais. Mas isso porque eles próprios são souberam impor limites, deixando os filhos fazerem tudo o que tinham vontade. Esses pais, na verdade, sentem-se tão culpados por uma série de coisas, principalmente por não terem tempo para a relação com os filhos, que têm dificuldade de falar "não". Eles se esquecem que as crianças precisam desse limite para ter o contorno da personalidade definido.
Como trabalhar a questão do limite na relação pais e filhos?
Limite é coerência, constância, conseqüência. Os pais precisam se educar para serem educadores. Só o fato de serem pais não dá a eles a condição de educar bem os filhos, porque, na realidade, o filho precisa receber uma direção e, se os pais não têm constância, se não sabem o que fazer com os filhos, eles não passam nenhuma segurança. Uma das primeiras coisas que os pais precisam aprender sobre educação é que eles não têm a obrigação e nem devem ser hipersolícitos para com os filhos. Há coisas mínimas, mas muito importantes, que ajudam os filhos a respeitarem limites. Quando os pais falam não, a criança desobedece e fica tudo por isso mesmo, o filho aprende a desrespeitar o não, interpretando-o como sim.
Por que os pais têm tanta dificuldade de manter o não, transformando-o, com freqüência, em sim?
Geralmente os pais transformam o não em sim porque acabam cedendo às chantagens emocionais das crianças. Na realidade, quem quebra o limite são sempre os próprios pais. Isso faz com que o filho aprenda a não obedecer. E a criança precisa do limite para saber até onde ela pode ir. Aliás, qualquer ser humano precisa saber até onde pode ir. Quem não sabe, fica se arriscando de um jeito que é muito perigoso. Se a pessoa sabe que até determinado ponto ela pode e que depois o risco aumenta, ela cria os seus próprios contornos.
Quais são as fases mais complicadas da infância?
As crianças têm fases de mudança de comportamento. Um exemplo é a fase dos dois anos, conhecida como fase do não. Mesmo querendo uma coisa, a criança fala não nessa fase. E os pais acreditam que ele realmente não quer e deixam a coisa livre. Isso faz com que a criança, que, na verdade, queria dizer sim, perca o referencial. Há outra fase em que a criança começa a ter mais independência e quer fazer as coisas sozinha, e os pais uma hora deixam, outra hora não deixam, e ela também fica sem referencial.